Em contexto competitivo, quando uma equipa perda a posse da bola, todos os seus jogadores devem dirigir as suas atitudes e comportamentos técnico-táticos na contribuição individual e sincronizada com os seus colegas, na persecução dos objetivos estabelecidos para a fase de jogo defensiva.

Neste âmbito, logo que se verifique a perda da posse da bola, a conduta essencial da equipa é caracterizada pela criação de obstáculos e linhas de resistência defensiva, numa dinâmica de concentração posicional e processual dos jogadores, de forma a reunir as condições mais vantajosas para a sua recuperação (Castelo, 2009).

Sob este domínio, realçamos cinco momentos que podem ser decisivos no incremento do teu processo defensivo. Assim, destacamos o seguinte:

1. Cortar a bola para a zona central

Naturalmente, que esta ação depende da zona do campo onde te encontras, por conseguinte, quanto mais perto esta se processar da tua baliza, maior risco estará associado.

Obviamente que existem exceções, como por exemplo, quando está um colega teu por perto para evitar o risco, no entanto uma bola perdida no corredor central perto da tua baliza pode ser fatal, assim, é de extrema relevância procurares os corredores laterais no momento de "despejares” a bola.

2. Não estar alinhado com os restantes colegas de equipa da linha defensiva

Normalmente não se dá muita importância a este processo, mas estar em linha proporciona uma grande vantagem a quem defende.

Este procedimento exige muito trabalho e coordenação com os restantes elementos que constituem a linha defensiva.

Um jogo de futebol é caracterizado pelas inúmeras variáveis existentes, estares atento aos detalhes dar-te-á uma grande ajuda.

É essencial que desenvolvas a tua capacidade no que concerne à visão periférica e consigas identificar onde estão os teus companheiros (coordenação, comunicação), adversários e a bola. É um pormenor que te poderá auxiliar muito.

3. Passar a bola ao teu Guarda Redes na direção da baliza

Uma má receção do teu guarda-redes pode ser mortífera para a tua equipa. Por isso efetuares o passe para fora da zona da baliza poderá facilitar o trabalho deste.

Tens de conhecer muito bem o teu guarda-redes e analisar em que contexto em que ele vai receber a bola, como joga com os pés e qual o seu pé mais hábil.

Neste domínio, tenta colocar a bola com a direção correta após aferires estas situações.

4. Tentar intercetar um remate ou cruzamento sem esconder os braços

Não é uma tarefa fácil de executar, porque é um gesto contra natura, é normal e instintivo tentarmos defender-nos de um remate forte proveniente na direção do nosso corpo, no entanto o processo de esconder as mãos pode evitar penaltis ou faltas em locais que possam proporcionar perigo para a tua baliza.

Existem muitas e diferentes formas de ver e pensar estas situações, há uns anos atrás existiam muitas circunstâncias que eram permitidas no âmbito das leis desportivas, hoje existem muito mais restrições.

Não esconder os braços no momento de um remate proveniente do adversário é sempre um risco. A intenção é protegeres-te dos movimentos naturais, atendendo a que um penálti pode mudar a história de um jogo.

5. Perder de vista o atacante

A aprendizagem pode ser um processo doloroso, por vezes tens de errar muitas vezes para realmente entenderes e começares a fazer bem uma determinada tarefa.

Existe uma tendência para focar-nos na bola e esquecer-nos do atacante, no entanto, tens que pensar e treinar todos os contextos e situações que poderão surgir. Dentro da área, se o avançado conseguir explorar o teu lado “cego” e conseguir receber a bola em condições favoráveis e rematar à baliza, ficarás certamente em apuros.

Tudo está relacionado com rotina, consistência no trabalho, treinar e jogar contra diferentes avançados.

Tens de conhecer os teus adversários, perceber o que ele é capaz de fazer e antecipares-te ao que ele pretende executar.

Como nota final, podemos afirmar que as situações 1v1 são a essência do jogo de futebol, no qual se coloca a capacidade técnico-tática de cada um dos jogadores.

Muitos destes duelos acabam por ter uma grande conotação psicológica, pois, a partir do momento em que o defesa ou o atacante ganha vantagem no desenrolar do jogo, acumulam confiança ou a ausência dela nas suas próprias capacidades.

A otimização do teu processo defensivo, seja com o intuito de recuperares a posse da bola ou a temporização do processo ofensivo adversário, requer muito trabalho, muito treino individual e coletivo.

Por último, devido às constantes mutações e interligações existentes num jogo de futebol, torna-se essencial possuíres um conhecimento profundo tanto dos teus companheiros de equipa como dos teus adversários, com o intuito de poderes estabelecer formas eficazes de comunicação com os teus colegas.

Bons Treinos!

Flávio Oliveira

Referências

Jorge Castelo e Luís Filipe Campos. Futebol - Conceção e organização de 1100 exercícios específicos de treino. 2009. Visão e Contextos